Diversos artigos tem sugerido, recentemente, que o conceito de metaverso “morreu”. Isso porque, depois da empolgação em torno do tema nos últimos dois anos, grande parte do público parece estar diminuindo o interesse sobre o tema nesse anos de 2023. Acontece que, do ponto de vista dos negócios, as tecnologias relacionadas ao metaverso continuam presentes e compõem uma indústria bastante relevante.
Em 2022, por exemplo, as vendas de tokens não fungíveis (NFTs) atingiram a marca de R$ 129 bilhões, de acordo com dados do Dapp Radar. Apesar disso, é quase consenso que o mundo, especialmente o Brasil, ainda está engatinhando nessa nova realidade que promete substituir o físico pelo digital. Tecnologias como VR, AR e IA prometem movimentar bilhões e também fazem parte do conceito de metaverso.
Abaixo, cinco razões que mostram que o metaverso continua a ser uma força relevante no mercado, de acordo com Rafael Esper, diretor criativo da GPJ Brasil, unidade brasileira da agência George P. Johnson:
O METAVERSO JÁ EXISTE: Muito embora muitos descrevam o metaverso como um produto ou um lugar a se chegar, o conceito vai muito além dessa visão simplista. Metaverso é uma jornada contínua, que já vem sendo percorrida há algum tempo e que nos últimos anos tem alcançado um ritmo mais acelerado. Sob essa perspectiva, é certo que já estamos imersos no metaverso. Vê-lo apenas como um lugar que se acessa por meio de um headset é bastante simplista. A maneira correta é percebê-lo como uma camada dentro do mundo em que já vivemos. Por exemplo: Hoje, equipes de trabalho, por meio das videoconferências, são capazes de estar em diversos países ao mesmo tempo, sem a necessidade de sair do Brasil.
AS TECNOLOGIAS DO METAVERSO CONTINUAM EVOLUINDO: Estamos testemunhando um avanço contínuo em tecnologias como realidade virtual e realidade aumentada. Tais tecnologias atuam como motores capazes de impulsionar a experiência do metaverso. Os elementos que compõem esse mundo virtual, como a IA, a IA generativa e, principalmente, as tecnologias imersivas, estão evoluindo de forma veloz. A Meta, por exemplo, já tem headsets no mercado que as utilizam. A ideia que muitos têm, portanto, de que o metaverso ainda vai acontecer é errada, já que desde o surgimento da internet, ele tem experimentado um desenvolvimento significativo. Um exemplo fascinante do progresso alcançado é a ferramenta Metahumans, desenvolvida pela Epic Games, que é capaz de criar avatares ultrarrealistas com malha esquelética para o metaverso em questão de minutos. Essa tecnologia mimetiza a vida real dentro de um universo tridimensional, apresentando um nível impressionante de fidelidade e precisão. Uma evolução impensável há alguns anos, representando um avanço surpreendente em relação à plataforma Second Life.
VÁRIOS SETORES TEM ADOTADO: O metaverso está se tornando um mercado em expansão e cada vez mais setores, como medicina, educação, comércio eletrônico e arquitetura, estão reconhecendo seu potencial e investindo nele. Um estudo da Market Research Future (MRFR) prevê um crescimento anual de 48,3% no mercado de saúde do metaverso entre 2024 e 2030. Hoje em dia temos, por exemplo, planos de saúde com teleconsultas. Ainda assim, a área médica reconhece que a tecnologia pode potencializar ainda mais a relação existente entre médico e paciente. Discute-se a possibilidade de utilizar o metaverso no planejamento de cirurgias virtuais como uma forma de reduzir erros. Essas tendências destacam o potencial transformador do metaverso em diferentes setores, impulsionando a busca por aplicações inovadoras e benefícios cada vez maiores.
O METAVERSO FOI BEM ACEITO PELA CULTURA E PELO ENTRETENIMENTO: O metaverso também está sendo explorado na cultura. Vemos grandes shows e exposições de artes que já estão se utilizando dessa tecnologia fazendo com que as pessoas vivenciem experiências, dentro desse mundo virtual, que lhes pareçam reais. É o caso de shows feitos por artistas renomados como Ariana Grande, David Guetta e Ed Sheeran. E é certo que experiências culturais têm o poder de moldar e influenciar o rumo das coisas.
OS INVESTIMENTOS NÃO VÃO PARAR: O metaverso representa um novo e promissor mercado a ser explorado, e mesmo diante de algumas dúvidas e incertezas, muitas empresas continuam investindo nele. É, inclusive, o que diz um relatório do Citibank, segundo o qual a economia do metaverso tem um potencial de crescimento de até US$ 13 trilhões até 2030. O banco JP Morgan, por sua vez, estima que o mercado total endereçável do metaverso atinja a marca de US$ 4 trilhões somente na China. Nos Estados Unidos, um estudo encomendado pela Meta, empresa controladora do Facebook, aponta que o metaverso pode contribuir com até US$ 760 bilhões até 2035, o que equivale a cerca de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) anual. Essas projeções e estimativas reforçam o imenso potencial econômico e as oportunidades significativas que o metaverso oferece para as empresas e a economia global.
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